A tua frágil presença
O primeiro frio faz-me cair.
Aqueles que me procuram já não me encontram, telefonam a uma pessoa desconhecida perguntando pelo mar.
Sabem que o meu corpo é matéria de água.
Um pássaro mergulha na corrente.
Abre os olhos para me visitar.
A pupila alimenta o pássaro com o sonho.
Através dos olhos do pássaro fotografo o desconhecido.
O dia enfraquece, a luz diminui até ser um nervo na obscuridade.
É nessa lâmina crepuscular que sou mais puro.
É ela que mostra o sangue que ninguém tocou.
Tu ainda estás lá.
Ouço-te sempre pássaro do futuro.
Teus braços amanhecem o mundo, são as flores brancas da rebentação.
Carlos Ramos, nasceu em Peniche (Portugal).
Licenciou-se em Direito, escritor, tradutor e fotógrafo.
Tem os seus trabalhos publicados em diversos sites e jornais.
Fez capas de alguns livros.
Publicou, enquanto autor, em Portugal e no estrangeiro em diversas, revistas, colectâneas literárias, blogues e páginas web.
Está traduzido para várias línguas.
Tem oito livros publicados, um dos quais “Outros amarão o teu caminho” que interliga a fotografia e a poesia.
Através da fotografia diz os seus poemas sem palavras.