Exposição - "VENTOS, SOMBRAS" de Paula Rito
03.12.2016
Exposição patente de 03 a 30 de Dezembro
Partindo de cadernos de desenho, diários gráficos, cadernos de viagem, territórios mínimos que funcionam como localizações; tomando a metáfora paisagística como meio operativo; Paula Rito realiza um exercício permanente sobre as condições de procedimento da própria pintura, sobre a ligação da imagem pictórica com o mundo visível e a fenomenologia da visão, mas também uma reflexão, sobre o corpo que pinta e sobre o corpo que vê.
Afirmando porventura uma espécie de afago dos sentidos entre o modo como o corpo que é o nosso vê o corpo da pintura que pode ser visto; que espera, que busca, que procura encontrar, já não a descoberta do lugar, mas o lugar da descoberta.
Na procura de uma identidade assombrada e dominante, a autora questiona a paisagem e constrói por envolvimento, os registos singulares, motivados, como oscilações em relação a uma matéria sempre rebelde que torna possível o desdobramento da representação e desvela a condição do sujeito pensante.
Na errância da representação, a projeção do próprio corpo no corpo do mundo.
Normalmente, Paula Rito usa a analogia do trabalho como se fosse um território ou mapa. Não encontramos uma sucessão de momentos que vão evoluindo em função uns dos outros, mas a possibilidade de criar um terreno, onde se pode explorar determinadas matérias, num alargamento e aprofundamento do território sempre recuperável. O trabalho da autora não funciona por etapas, mas sim por séries. No seu percurso artístico, tem voltado aos mesmos temas vezes sem conta; é como voltar ao passado, mas já com história do futuro. Há a constituição de um mapa de interesses, de uma aprendizagem visual e corporal porque na pintura, o olhar aprende e o corpo aprende; há uma adaptação deste e da visão que são modos de relacionamento com o mundo e que constituem um património que vai adquirindo, interrogando, que vai sendo recuperado, refeito e repensado.
Na medida em que nos representamos no que está perante nós, cada paisagem transmutada pode ser um lugar de aprendizagem do olhar sobre o cosmos e sobre as condições de procedimento da própria prática da pintura. A vivência da perceção é habitada por um corpo e por um mundo de espessura recíproca (Ineinander).
Reaprender a ver, recomeçar escavando, regressar à paisagem e estar atento à espessura que nos separa da obra, são os princípios geradores da pintura de Paula Rito, uma forma de transformação que pode ser um lugar mítico, retornado, diário gráfico do lugar onde as coordenadas espaciais se fendem e se abrem diante de nós, acabando por se abrir em nós e assim, nos incorporam, por inteiro. É quando uma obra dá lugar a outras plurais que percebemos que as coisas visuais são sempre já lugares.
Isabel Ventura Tavares, excerto do texto «Da terra e do mar para outro lugar». in Estúdio 6, Faculdade de Belas Artes da universidade de Lisboa. 2012.
PAULA RITO
Licenciatura em Pintura pela ESBAL. Mestrado em Teorias da Arte da FBAUL.
ALGUMAS EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
2015 nas margens, Galeria Arte Periférica, CCB, Lisboa.
2015 a matéria dos dias, Museu Municipal Santos Rocha, Figueira da Foz.
2014 nulla dies sine linea, Museu Municipal de Bombarral.
2013 terra grande, Termas da Piedade, Alcobaça.
2010 penumbra, CCC. Caldas da Rainha.
2010 sonhar a terra, ermida de San Antonio, Tías. Lanzarote.
2008 ecos-ventos, Galeria Quattro, Leiria.
2005 die de diem, igreja do Convento da Serra de Ossa, Redondo.
2005 o céu que nos trespassa, Galeria Arte Periférica, CCB, Lisboa.
2004 re(a)presentar, Galeria Quattro, Leiria.
2004 identidades, FLUL. Cadernos de artista apresentados pelo Prof. Dr. Manuel Gusmão.
2002 sombras e clareiras, Arte Periférica, CCB, Lisboa.
2001 antes que a cinza dos olhos arda, Arte Periférica, CCB.
2001 terra grande, Galeria Quattro, Leiria.
1999 de um fogo lento, Arte Periférica, CCB.
1999 Setembro, Galeria Quattro, Leiria.
1997 o primeiro outono, Arte Periférica, Massamá.
1993 o ouro guardado, Palácio Gorjão, Bombarral.
1991 germinações, Galeria Novo Século, Lisboa. Exposição apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian.
1989 territórios mínimos, Galeria de Arte Moderna da SNBA, Lisboa.
ALGUMAS EXPOSIÇÕES COLECTIVAS
2016 Intercasa, FIL. Lisboa.
2014 Arte Hoje, SNBA. Lisboa.
2000 a 2011 FAC / ArteLisboa, FIL .
2008 IX Prémio Vespeira.
2004 Prémio Celpa- Vieira da Silva. Exposição de finalistas. FASVS, Lisboa.
2002 a 2005 ARCO ’02 a ARCO ’05, Madrid.
2002 CasaLisboa, Quinta das águias. 100 anos, 100 artistas, SNBA.
2001 2ª Bienal de Arte e Cultura, Jaboticabal, Brasil. X Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira.
1997 Obras sobre papel, SNBA. 1997 Prémio Vespeira.
1993 Dez Artistas Portugueses na Galiza, Mondariz, Espanha.1993 O Papel, SNBA. 1993 Prémio Nacional de Pintura Júlio Resende.
1988 “...o risco Inadiável”, Homenagem ao Professor Lagoa Henriques, ESBAL.
1988 Contemporary Portuguese Art, Jadite Galleries, New York, EUA.
1988 50º Aniversário Gabrielle D’Annunzio”, Pescara, Itália.
1986 Audio Visual 86, Forum Picoas.
PRÉMIOS
1990 e 1991-Menção Honrosa - 3ª e 4ª Exposição de Pequeno Formato da Viragem, Cascais.
COLECÇÕES
Fidelidade Grupo CGD; Instituto Português do Sangue; PLMJ; Fundação Henrique Leote; Câmara Municipal da Amadora; FBAUL; Museu municipal de Bombarral; Museu Santos Rocha.