Deitamos mão ao arado e viramo-lo ao contrário; começamos e depois paramos, não porque a experiência tenha chegado ao fim pelo qual foi iniciada mas por causa de interrupções externas ou de letargia interna.
(…)
Acontecem coisas, mas elas não são definitivamente incluídas ou decididamente excluídas; andamos à deriva. Rendemo-nos de acordo com pressões externas, ou evadimo-nos e comprometemo-nos. Existem começos e cessações mas não existem genuínos inícios e conclusões. 1
1 Dewey, J.(1934). Having an Experience. (Tradução Fernando Poeiras). Em Art as Experience. New York: Minton, Balch & Company, p.40-41.
Uma introdução
Actualmente o meu trabalho surge segundo estímulos instintivos inerentes ao homem e à prática artística. Entre estes dedico especial importância ao gesto livre e deliberado, às cores e à composição que o emaranhado de formas delimita na superfície da pintura.
Aqui dou primazia à vitalidade do trabalho, procurando um momento final (e/ou inicial) de forças entre o que está representado sobre a superficíe da tela e as características que o trabalho abarca enquanto matéria agida.
Interessa-me uma pintura emotiva, sensorial e impactante onde as forças pulsantes abatem o espectador com a energia implícita, da entrega no processo de criação e a liberdade que esta prática proporciona tão intensamente.
André Ribeiro Lopes nasceu em 1993 nas Caldas da Rainha, onde atualmente vive e trabalha. Em 2015 concluiu a licenciatura em Artes Plásticas na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, e ingressou no mesmo ano no Mestrado em Artes Plásticas com o respetivo término em 2017.
Atualmente o seu trabalho nasce das suas práticas regulares desportivas, Kickboxing, Dança e Bodybuilding, uma vez que André Lopes considera estas práticas extremamente úteis e relevantes para o zelo do seu ato criativo. Com base nestas experiências de trabalho do corpo, o artista estabeleceu uma relação particular com a pintura e os seus suportes. Hoje, considera que o seu trabalho plástico situa-se entre uma prática desportiva e a prática da pintura.
O artista foca-se nos processos involuntários de respiração, padrões de crescimento e envelhecimento, comuns ao tempo e íntimos ao ser humano, na sua relação com a natureza e o mundo. Aqui o pulsar da pintura expõe o impulso artístico da criação, onde o trabalho corpo a corpo segue o fluxo da ação. Segundo estas premissas André Lopes pretende conferir à sua pintura um carácter carnal, físico e sensorial sui generis.
Presentemente, o seu corpo no limite, é o mesmo corpo que, sendo sujeito e objeto, dá e recebe a sensação. Deste modo considera que é através do “diálogo” biopsicossocial entre o seu corpo material vivo (instrumento para produzir arte e o que se educa no desporto) e o corpo material da própria pintura, que a sua pintura age sobre o seu corpo de igual modo como o seu corpo age sobre ela.
Exposições Coletivas:
2017: XIX Bienal Internacional de Arte de Cerveira, Vila Nova de Cerveira.
2017: C:a:m:-Casino ARTS Meeting, Casino Lisboa.
2016: Exposição de Alunos Finalistas, Licenciatura Artes Plásticas Centro Cultural e de Congressos das Caldas Da Rainha.
2015: Silos Contentor Criativo, Caldas da Rainha.