ORIGINÁRIOS de Estela Baptista Costa
24.09.2022
A exposição ORIGINÁRIOS reúne a obra gráfica de Estela Baptista Costa dos últimos 25 anos: entre 1997, quando dava os primeiros passos no seu curso de artes plásticas na ESAD, e 2022 no seu atelier de Gravura em Benavente, onde atualmente desenvolve uma residência artística de Gravura. Em 2019, uns meses antes da pandemia, foi a exposição ORIGINÁRIOS inaugurada em Bruxelas, nessa altura de apenas 20 anos do seu trabalho. Volvidos estes 3 anos de interregno torna-se pertinente abordar a obra produzida desde 1997 até aos dias de hoje. Acerca do seu trabalho artístico disse o poeta Pedro Sena Lino, em Bruxelas:
"A obra de Estela Baptista Costa é toda ela Gravura. Não quer isto dizer que a Gravura é a sua única forma de expressão plástica ou a sua única técnica – bem pelo contrário: da pintura à ilustração infantil, passando pelo artesanato, deixa uma marca de pesquisa e ilustração. Uma Gravura continua o processo de criação do mundo. Até porque nos ensina a olhar. A perceber os sulcos – essas viagens que o tempo faz na pele das coisas porque já navegou por dentro a ensinar outras distâncias: a duração, a espera, a eternidade.
Olhando para os vinte anos de Gravura (agora 25) que esta exposição celebra, vemos como o seu percurso passou do objeto e do ser estático para a complexidade do movimento. Aprendida com o grande mestre gravador Bartolomeu Cid dos Santos, depois professor em Londres, está também a necessidade de ligar o visível ao invisível. Se olharmos para a primeira gravura, “Rómulo”, parece celebrar a poesia de Sophia de Mello Breyner no encantamento com que olha para os primeiros seres, as primeiras imagens. “A Rosa”, executada para a homenagem a Natércia Freire, encena vários elementos como uma dança mística. “Casting para a Rainha” são como personagens dos romances de Jorge de Sena ou de Fernando Namora, tiradas do real.
O trabalho de Estela Baptista Costa nasce sempre desta necessidade de buscar, desta necessidade de procurar, de fisicamente marcar na chapa o trabalho que a própria natureza faz.
Há uma obsessão pictórica – a árvore. Ponte entre a terra e o céu, das raízes que vão ao fundo da terra, aos galhos e ramos que albergam as criaturas dos céus, a árvore é o resumo e o desejo do que o ser humano poderia ser.
Que Estela as grave e as leve à terra, as semeie no papel e as devolva, redivivas, à terra dos nossos olhos não é apenas arte – é co-criação. É fazer o que o tempo faz com a natureza: criar de novo.
BIOGRAFIA
Estela Baptista Costa nasceu nas Caldas da Rainha em 1975. Formou-se em Artes Plásticas na actual ESAD.CR (Escola Superior de Arte e Design) em 2000. Três anos antes, no mesmo sítio, conheceu Bartolomeu Cid dos Santos com quem descobriu e partilhou os mistérios da Gravura e com quem teve o privilégio de trabalhar em diversas ocasiões. Também em 2000 fez o curso de ilustração infantil na Fundação Calouste Gulbenkian e desde então que se dedica violentamente à gravura a par com a ilustração de livros infantis e o projecto “falar pelo boonek”.
Já trabalhou no serviço educativo de um Museu, teve um romance de Verão com um pomar de pêra rocha, trabalhou em educação pela arte com crianças, fez artesanato urbano, fez exposições por Portugal, Espanha, França e Bélgica e coordenou a Companhia do Eu (escola de escrita criativa), do poeta e escritor Pedro Sena Lino, onde aprendeu a esculpir palavras. Deu formação na área artística em diversos projectos de inclusão social o que a torna uma apaixonada pela causa do Outro.
Desde 2011 que se empenha no curso mais importante da sua vida, o da maternidade.
Actualmente desenvolve uma residência artística de Gravura no “espaço Gravurar” no Município de Benavente e continua a criativar projetos de educação pela arte em escolas.