Skip to main content
M/6

9 Jun. 21:00

Vitorino – “Voz e Dois Pianos” com João Paulo Esteves da Silva e Filipe Raposo

Bilhete Geral: 15€

“Para um amigo tenho sempre um relógio esquecido em qualquer fundo de algibeira. Mas esse relógio não marca o tempo inútil. São restos de tabaco e de ternura rápida.

É um arco-íris de sombra, quente e tremulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol. “

António Ramos Rosa, in "Viagem Através de uma Nebulosa"

 

“Vem Devagarinho para a Minha Beira – Voz e Dois Pianos” teve a sua edição e distribuição a 1 de Maio do ano 2020 em pleno período COVID 19. São dois pianos nas mãos de dois pianistas de excelência: João Paulo Esteves da Silva e Filipe Raposo. E a voz de Vitorino.

Nos poemas que cada canção evoca há um despir de preconceitos que permitem que se percorram caminhos que vão desde Mozart a Lupicinio, de Carlos Gardel a Vitorino, de Joni Mitchell a João Paulo Esteves da Silva e de José Afonso a Filipe Raposo.

Assente na simbiose do trabalho a três, na escolha criteriosa e exigente dos poemas e dos poetas portugueses e no trabalho de composição único, este projeto tem como resultado um trabalho inédito, elegante, sóbrio e ao mesmo tempo emotivo, capaz de agarrar quem o ouve e vê, do princípio ao fim.


Vitorino Salomé

Interprete e compositor, 45 anos de uma carreira multifacetada em que as preocupações culturais e sociais prevalecem. Sempre com uma enorme abertura ao intercâmbio artístico, do qual este projeto é mais uma prova.

Mais informações, https://www.vitorinosalome.pt/

Filipe Raposo

Pianista, Compositor e Orquestrador. Filipe Raposo, sobejamente conhecido da comunidade musical e do público, tem colaborações em concerto e em disco com alguns dos principais nomes da música portuguesa: Sérgio Godinho, José Mário Branco, Fausto, Vitorino, Janita Salomé, Amélia, Muge, Camané

Mais informações, https://filiperaposo.com/about/

João Paulo Esteves da Silva

Pianista de reconhecida mestria, com uma inteligência musical imensa e um enorme talento que abrange a composição, improvisação e interpretação.  Ao longo dos anos são inúmeras as colaborações, em concertos e discos, com músicos nacionais e estrangeiros: Carlos Bica, Cláudio Puntin, Jean-Luc Fillon, Peter Epstein, Ricardo Dias, Dennis Gonzalez, Vitorino, Sérgio Godinho, entre outros.

Mais informações, https://www.oncproducoes.com/musicos/joaopaulo/index.htm

Notas dos Artistas

O meu Pai tinha um piano francês todo em madeira, onde os meus irmãos mais velhos praticavam, ensinados pelo maestro da banda filarmónica do Redondo. Encantei-me com o maravilhoso instrumento, e comecei a percebê-lo, concluindo que as teclas pretas eram diferentes em meio tom das teclas brancas. Meteu-se-me na cabeça tocar algumas pequenas valsas de F. Chopin, compositor preferido de púberes tontos de paixão pelas meninas mais velhas, que do alto da sua idade e sabedoria, olhavam para mim com estranheza e curiosidade. E assim, depois de ouvir até à exaustão a Waltz op. 64 nº 2 tocada por um senhor de cabelos brancos, mãos ossudas muito bonitas (Rubinstein), não descansei enquanto não estraguei completamente a valsa da minha adolescência, no piano francês, Aucher Freres, que ainda agoniza desdentado na sala de entrada da casa do Redondo. Tudo isto para vos dizer da admiração e amizade que tenho pelos maravilhosos pianistas João Paulo Esteves da Silva e Filipe Raposo e de como os admiro quando actuamos juntos.

Amparam-me e são cúmplices dos meus devaneios de vocalista decadente tipo pós-romântico de Séc. XXI chego a comover-me porque como sabem, “eu comovo-me por tudo e por nada”.    
Vitorino Salomé

Este é antes de mais um encontro de amigos, e quando três amigos se encontram nasce também o desejo de partilha e de referências. Contam-se histórias que alimentam cada minuto deste encontro. Escutamos com atenção e tempo o que cada um tem para dizer. Escolhe-se um alinhamento, ensaiamos arranjos, encontramos um espaço para dois pianos e a voz do Vitorino.

A música convida outros amigos que se juntam sem saber que os convidamos. Através dos poemas que cada canção evoca desenvolve-se também uma intimidade que nos obriga a despir preconceitos – de Mozart a Lupicínio, de Carlos Gardel a Vitorino, de Joni Mitchell a João Paulo Esteves da Silva e de José Afonso a Filipe Raposo. A cada nova escuta, velhos e novos amigos reunem-se uma vez mais. Claro que este encontro estaria incompleto sem a vossa presença.
Filipe Raposo

Quando se tem em comum o modo de pensar a harmonia – neste caso "pensar" quer dizer "ouvir" – é possível abordar os assuntos mais espinhosos, que ninguém se zanga; pelo contrário, as eventuais discórdias serão motivo de alegria.
É o que se passa connosco. O Vitorino, o Filipe e eu pensamos a mesma harmonia. Quer dizer, ou vemos o mesmo mundo ou, quando vemos mundos diferentes, tiramos um real prazer das diferenças. A partir daqui, os restantes aspetos da música (e da vida) vêm por acréscimo e será altamente improvável que soemos mal se decidirmos tocar, cantar e gravar juntos.

Aqui está este disco a dar-me razão.
João Paulo Esteves da Silva