Skip to main content

"À ESPERA QUE VOLTE"

30.03.2014

domingo, 16:30

ÀS 16:30

"À ESPERA QUE VOLTE"

O homem forte e bom que vem ao nosso encontro, é Piotor. Piotor não é português. Caíu de um avião de carga numa noite de temporal, numa serra árida onde depois de muito andar no escuro, encontra um cão. Esse cão é pastor e leva-o para junto do seu rebanho. O rebanho leva-o para a aldeia. Na aldeia há um teatro e o vazio que Piotor sentia, preencheu-se. 

Piotor trouxe consigo uma história sobre a água...sobre uma gota de água que ao cair do céu da Rússia, transforma as crianças que a querem ouvir, em pequenos russos que em vez de mãos, têm o poder de trazer a chuva e o dilúvio para dentro de casa. 

Quando a história termina, as crianças só esperam que a gota de água volte a cair para refrescar os seus dedos..

“Era uma vez uma gota de água que vivia à espera do momento de escorregar até à terra. Os seus pais, trovão e nuvem, tinham-lhe ensinado a importância da sua família: Sem as nuvens grávidas de milhares de filhas - as gotas de água - sempre prontas a descer do céu, a terra não sobreviveria...

A sua mãe, as suas tias, as suas primas e, um dia também, ela própria, teriam de chorar para dentro da terra para que esta pudesse ter os seus filhos - as crianças, que são os filhos dos homens e das mulheres. Sem o choro das nuvens, a terra não dava frutos, não dava couves-flor, não dava pão nem franguinhos para alimentar as pessoas. Entre a gota de água e as crianças da terra havia, afinal, um laço forte e indissolúvel do qual ninguém ainda lhe tinha falado.Sentiu-se nervosa inesperadamente. Queria descer, escorregar e ver... Ver como tudo funcionava na terra com a ajuda preciosa do que vivia no céu; a sua grande família feita de água - as gotas, as nuvens, os trovões, os ventos e o sol, o avô caloroso do céu. O seu avô tinha o tamanho dos oceanos, era quentíssimo e era temido e amado pela terra e pelas águas salgadas que abraçam o mundo e que são a casa gigante dos peixes, das correntes e dos seres marinhos.Muitas vezes, quando as suas primas e irmãs chegavam a casa em carros feitos de vapor que subiam até ao azul do universo, traziam consigo notícias feias. Os homens não cuidavam da água que descia, não se lembravam da sua importância e muitas vezes esqueciam que, sem água, todos desapareceriam numa tragédia de sede e secura. Assim, pediu ao seu pai trovão para fazer uma tempestade, fingindo que se zangava com os humanos e que, com a ajuda de um relâmpago, a deixasse descer à terra sem ser notada, sem ser vista - qual detetive transparente, para descobrir como era o mundo das crianças e de todos; o mundo das cidades, das vilas, do campo e do mar.

A mãe concordou. Beijou-a docemente na sua face fresca de água, deu-lhe os conselhos que as mães dão às filhas quando estas viajam para longe e deixou-a atravessar o som estrondoso que saía da barriga do pai quando este queria zangar-se com a terra. E lá foi, voando, escorregando, descendo até cair... Aqui...”

FICHA ARTÍSTICA

Texto: Madalena Vitorino e Paulo Duarte

Encenação: Madalena Vitorino 

Assistente de Encenação: Abel Duarte

Cenografia e Figurinos: Sandra Neves

Costureiras: Capuchinhas CRL e Maria do Carmo Félix

Direção Musical e Banda Sonora: Fernando Mota 

Cenários e Adereços: Carlos Cal e Maria da Conceição Almeida

Interpretação Piotor (Paulo Duarte) a sua Sombra (Maria da Conceição Almeida) e sete pequenos músicos russos

Direcção de Produção e Comunicação: Paula Teixeira

Cartaz: Sandra Neves

Agradecimentos: Maryana Bardashevska, Camila Correia, Carolina Correia e Frederico Duarte

Vídeo e Fotografia: Lionel Balteiro

Bilhete: 3.50€