A VIOLAÇÃO DE LUCRÉCIA

Alfonso Zurro desenvolveu dramaturgicamente este poema de Shakespeare transformando-o num monólogo feminino, o qual se abre em várias linhas dramáticas que ampliam o feito histórico aproximando-o aos nossos dias. Por um lado, temos a personagem de Lucrécia que nos vai narrando os trágicos acontecimentos. Ela coloca-nos perante a violência e a crueldade que caracteriza um ato como este. E a sua fragilidade como mulher violada. Porém, o que Lucrécia nos vai relatando, apesar dos milhares de anos que nos separam, continua a acontecer nos nossos dias.

Assim, a personagem desdobra-se e viaja no tempo para nos deslocar à realidade que continua a ser causa de sofrimento de muitas mulheres. Entrando numa narrativa atual que nos aproxima desse terror de tantas mulheres e meninas violadas por todo o mundo.

O resultado é um texto límpido, muito bem desenvolvido nos diferentes planos de ação dramáticos e atualizado com clarividência. Ignorando o barroquismo desnecessário para nos centrar o acontecimento em si. Provocando um efeito de perplexidade que não nos deixa indiferentes.

Interpretação: Lorena Ávila | Direção: Alfonso Zurro (ADE) | Autoria: Alfonso Zurro (A partir do texto de Shakespeare) | Produção: Juan Motilla | Música e Espaço Sonoro: Elena Córdoba (Novia Pagana) | Desenho de iluminação: Florencio Ortiz (AAI)

Parceria: Teatro da Rainha | CCC | Município das Caldas da Rainha