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Fernanda – Quem Falará de Nós, os Últimos?

09.10.2013

quarta-feira, 21:30

 

 

 

 


Às 21:30

Em cena nos dias 9, 10, 11 e 12 às 21:30

prosas e poemas de Fernanda, de Ernesto Sampaio

encenação Fernando Mora Ramos

A Fernanda Alves deixou o teatro no Porto, durante os ensaios das Barcas, encontraram-na caída no seu quarto de Hotel – nem o Anjo que fazia lhe acudiu. O Ernesto, fulminado pela morte da amada, exorcizou essa perda escrevendo um conjunto de prosas amorosas e poemas sobre a Fernanda que se intitula Fernanda. Neles se percebe que ele e ela eram uma unidade existencial indissolúvel, não viviam um sem o outro. Todos os textos do livro a ela dedicado o reafirmam: mais que um livro é uma declaração constante de dependência e uma quase idolatria da amada. 

Cesariny disse que o Ernesto - partiu pouco depois - era a única pessoa que ele sabia que tinha morrido de amor. 

É a partir deste livro que o Nuno Carinhas me convidou a pôr em cena que tentaremos homenagear a Fernanda convocando-a para cena. Ela foi certamente a melhor e mais inteligente – como no Paradoxo de Diderot se diz  de Clairon – actriz da sua geração, senhora de uma verdadeira ciência da cena em nada comungante com as teorias correntes do “é preciso é tripas”. E convoca-la é um acto de vivificação cénica, um modo de regressar a papéis que fez – a cultura dos papéis é essencial ao actor (Vitez) - e de os reapresentar num palco, essa máquina de viajar no tempo cujas qualidade essenciais são artesanato, corpo, palavras e tábuas. 

Nunca esqueci a sua interpretação de Fan Chin Tin na peça de Dorst “A grande imprecação diante das muralhas da cidade”, naquela 25 de Abril antecipado, em 73, no Instituto Alemão – um trabalho soberbo de convicção e contracena subtil numa situação de puro jogo, teatro dentro do teatro. A sua evocação vivificada e o livro doloroso de Ernesto são o meu ponto de partida para esta aventura de risco total – como pôr o amor em cena quando a palavra é lírica em absoluto ? - e afecto. A Fernanda, como se chama o espectáculo, é alguém que para mim sempre foi o melhor teatro, aquele que funde responsabilidade cívica com entrega total às práticas da metamorfose e à liberdade dos cómicos. 

Ficha Artística

Seleção e montagem de textos: Isabel Lopes, Fernando Mora Ramos

Direção de ensaios e dramaturgia: Isabel Lopes

Dispositivo cénico e figurinos: Isabel Lopes, Fernando Mora Ramos

Criação sonora e sonoplastia: Carlos Alberto Augusto

Desenho de luz: Nuno Meira

Interpretação: Joana Carvalho, Fernando Mora Ramos

Produção: Teatro da Rainha

Co-produção: Teatro Nacional São João

BILHETES:

Bilhete Geral: 7.5 €

Bilhete Estudante, Sénior e Grupo (>10pessoas): 5 €