"Luz Negra", Exposição de Beatriz Rego
25.02.2018
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Exposição patente de 25 de Fevereiro a 25 de Março - Café-Concerto
A inspiração deste projecto provém das raízes da fotografia, que partiram da pintura. Procurou-se a forma de expressão mais antiga, o desenho e a cor, comunicando através de imagens. Pretendeu-se que a fotografia perdesse o caracter de registo fiel à realidade. Surge deste modo, como suporte que dá vida à pintura e permite modelar o visível, registando apenas o que a luz negra permite.
Considerando a luz como a base da fotografia, aí se encontra a possibilidade de alterar e modelar a obra. A luz negra foi deste modo a fonte de iluminação escolhida, pelas suas particularidades de revelar e destacar cores que não são visíveis com fontes de luz mais comuns. A luz negra é obtida a partir da passagem da luz por uma lâmpada mais escura e sem fósforo, que deixa a luz ultra-violeta passar directamente pelo vidro. Uma das suas utilizações está associada à análise documental da pintura, permitindo revelar os traços do pincel e alterações nas obras.
Os desenhos nos modelos foram inspirados nas pinturas tribais, que remontam para o início da arte, usada como forma de diferenciar povos, culturas e expressar ideias. Os corpos dos modelos foram pintados à mão, com tintas próprias que brilham com luz negra. Apresentam-se como telas humanas, criando diferentes jogos de cor. Cada imagem mostra pinceladas e geometrias diferentes e os corpos revelam-se, ao reflectir a luz a partir da escuridão.
O conceito desta exposição baseia-se na imagem fotográfica como uma ferramenta que tem o poder de cativar o olhar e suscitar ideias e questões, associadas às experiências pessoais. Pretende-se levar o expectador a viajar e questionar a relação da fotografia com a pintura contemporânea, concentrando-se nos conceitos clássicos da arte, "o figurativo" e "o abstracto". Estes conceitos "figurativo" e "abstracto", cujo dualismo se enquadra na génese da arte moderna, têm no séc. XXI uma definição mais ténue. Misturam-se e complementam-se, sendo por vezes conceitos pouco lineares para definir algumas obras.
No percurso complexo desde a chegada da fotografia, ao entendimento das novas possibilidades da mesma, transformou-se o seu estatuto. A fotografia não veio substituir a pintura como uma forma mais realista e melhorada, excluindo o papel do traço humano no processo de reprodução. A fotografia transformou a forma de observar a luz, alterando a relação directa na obra. A luz tornou-se a forma principal de registo, em que o ofício humano cabe no olhar pessoal e a forma de transpor historias em imagens.
Entrada Livre