Concerto pela Orquestra Gulbenkian - Ludwig van Beethoven - Coriolano, Abertura em Dó menor, op. 62
22.09.2017
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Ludwig van Beethoven
Coriolano, Abertura em Dó menor, op. 62
Uma das tendências visivelmente românticas da produção beethoveniana no domínio da abertura sinfónica é a representação complexa de personagens ou de estados psicológicos através da música, num jogo de interações recíprocas que refletem bem a tendência coeva para o alargamento e diversificação dos modelos estéticos herdados do período clássico. Dois exemplos destacados são as Aberturas Coriolano, em Dó menor, op. 62 e Egmont, em Fá menor, op. 84, esta última composta sobre o drama homónimo de Goethe. Coriolano foi escrita com o fim de servir de introdução a uma peça teatral do jurista e poeta Heinrich-Joseph von Collin, secretário do Imperador da Áustria. Tal fonte de inspiração épica influenciou o compositor de modo marcante, não apenas na Abertura Coriolano, mas também na contemporânea Sinfonia n.º 5 e na sua única ópera, Fidelio.
Na Abertura op. 62, Coriolano, estreada em Viena no mês de março de 1807, o Herói é o general romano Coriolano, que se tornou inimigo da sua pátria ao planear uma intervenção militar contra o senado. A obstinação do general em prosseguir com o seu objetivo leva-o à morte por traição, não sem antes ceder aos conselhos da sua mãe e da sua esposa. Na sua essência, a obra constitui como que um breve exercício sinfónico construído sobre um “programa” de contornos psicológicos, no qual a caracterização musical do personagem principal constitui o veio motor do discurso. Característica saliente é a dialética temática que coloca em confronto o caráter rude e orgulhoso do general – ilustrado, logo no início da obra, pelo primeiro tema – e a delicadeza e sagacidade femininas.
Notas de Rui Cabral Lopes