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Concerto pela Orquestra Gulbenkian - Wolfgang Amadeus Mozart - Sinfonia Concertante para Violino, Viola e Orquestra, em Mi bemol maior, K. 364

22.09.2017

sexta-feira, 21:30

Pág. 3 de 7: Wolfgang Amadeus Mozart - Sinfonia Concertante para Violino, Viola e Orquestra, em Mi bemol maior, K. 364

Wolfgang Amadeus Mozart

Sinfonia Concertante para Violino, Viola e Orquestra, em Mi bemol maior, K. 364

Concluída entre 1779 e 1780, a Sinfonia Concertante para Violino, Viola e Orquestra, K. 364, anuncia, em vários planos, muitas das transformações que viriam a caracterizar a escrita de maturidade do compositor: a projeção idiomática das partes solistas, o acentuar de interdependências entre os naipes e a riqueza dos jogos tímbricos confluem para uma mesma direção estética e estilística, a qual é também fruto das várias influências recolhidas em Mannheim e Paris, entre outras cidades europeias que Mozart visitou durante esta mesma década.

Composta na tonalidade de Mi bemol maior, muito apreciada por Mozart, o primeiro andamento da Sinfonia, Allegro maestoso, estrutura-se em torno de dois componentes temáticos principais: o primeiro de contorno marcial; o segundo mais sereno e expressivo. Segue-se uma secção de tutti orquestral que faz dilatar a harmonia em direção à tonalidade dominante, após o que intervêm as trompas, com o segundo tema, logo comentado pelos oboés sobre o acompanhamento das cordas, em pizzicato. Novo desenho temático com trilos proeminentes se esboça então nas cordas, em crescendo constante, como que a preparar o ouvinte para as passagens em uníssono, protagonizadas pelos instrumentos solistas. O andamento prossegue com diálogos muito eloquentes entre o violino e a viola, fazendo apelo a uma dimensão técnica e expressiva de considerável exigência. A cadência final, anotada na íntegra por Mozart, retoma os enunciados motívicos em eco, mas depressa funde a sonoridade dos solistas em expressivas cadeias de terceiras paralelas, antes dos compassos finais, em tutti orquestral. É um Mozart emotivo, confidente, aquele que se desprende do segundo andamento, Andante, ciente de um rumo promissor de experiências interiores que encerra, em si, a prefiguração do futuro movimento romântico. O tema inicial, signo deste universo, é anunciado pelos violinos em uníssono sobre as figurações de acompanhamento das violas, resplandecendo depois no violino solista e na viola, instrumento que introduz variações na linha melódica. Apesar de trazer à textura novos componentes temáticos, o compositor inflete persistentemente no material melódico de partida, ao mesmo tempo que acentua um pathos triste e angustiado, à medida que conduz o andamento para o seu epílogo. Logo se desvanecem os acentos mais sombrios do Andante com as evocações de dança do andamento final, Presto, repartidas, em partes iguais, entre os solistas. As irregularidades rítmicas do principal componente temático do andamento contribuem para impelir o discurso musical, por vezes pontuado por harmonias inesperadas. De novo, trompas e oboés descrevem passagens melódicas de grande beleza, ajudando a fazer pontes entre as secções solistas, mas é o tutti orquestral que encerra o andamento, com energia contagiante.

Notas de Rui Cabral Lopes

Ludwig van Beethoven - Sinfonia n.º 1, em Dó maior, op. 21
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